domingo, 29 de setembro de 2019


Caminhoneiros lamentam fretes incompatíveis 
com aumento do diesel

Daniel Gois

O reajuste de 4,2% no preço do diesel aplicado pela Petrobrás, no dia 18 de setembro, trouxe preocupação para os caminhoneiros, que preveem prejuízos caso os preços dos fretes não acompanhem o aumento.

O caminhoneiro João José Ferreira, que circula pela Baixada Santista e região de Campinas, estima um aumento de R$ 400 a R$ 500 no gasto mensal de combustível. Já Eduardo Teixeira Gomes, que atua com veículo próprio e presta serviços para a JBS e Friboi, prevê que precise gastar R$ 800 a mais por mês com diesel.

Gomes conta que 60% do que ganha é destinado para gastos com o caminhão. “O combustível é o que mais nos atrapalha. Nosso frete continua o mesmo e o combustível só aumenta. A conta sempre vai para nós”, afirma ele, que faz de 10 a 12 abastecimentos por mês, pois circula pela Baixada Santista, Capital de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O caminhoneiro autônomo Paulo Sérgio Henriques pede maior valorização para a classe. “Dá vontade de desistir. A sociedade não olha para as dificuldades que passamos. Com esses preços abusivos, a nossa margem de lucro só diminui”, lamenta.

Indignado com o aumento, Osanias José da Silva, que presta serviços para a ACTA Cooperativa na região da Baixada Santista, diz que “nosso país aumenta frequentemente o preço dos combustíveis e o frete não acompanha o valor”.

O caminhoneiro Lúcio Gomes Braga, que abastece de 12 a 15 vezes em um mês, vê o reajuste como um exagero. “Meu patrão já reclamou porque o frete não aumentou”, conta ele, que presta serviços para a Campoleg com o caminhão da própria empresa.


Nas bancas, jornal é mais vendido para cachorro

Gabriel Bruno 

“Hoje o que eu mais vendo é jornal para cachorro. Nunca achei que ia chegar a esse ponto”. Assim, o dono da Banca Estatua no Gonzaga em Santos,  Amâncio de Jesus Pires, resume o quadro atual do seu comercio, destaca a queda na venda de jornais às vésperas do dia do jornaleiro, comemorado amanhã, comerciantes de bancas de jornal confirmam a queda na venda.

Amâncio trabalha na banca há 44 anos e ela existe desde os anos 30. De acordo com ele, as vendas caíram sim e a cada ano que passa cai mais. “Pessoas com esses costumes de ler estão morrendo. Hoje em dia o que eu mais vendo são quadrinhos e mangas por causa dos jovens, só as velhinhas param para ver os jornais” afirma o comerciante em relação a outros produtos.

Vendedor da Banca Salomão, no bairro Vila Matias, Augusto Silva Filho, que trabalha há 7 anos no comercio, diz que as vendas só vêm caindo. “As vendas praticamente sumiram, de maio para cá caiu uns 70%, isso aconteceu quando acabaram com o expresso popular, porque a Tribuna não compram tanto e nem os jornais de São Paulo “diz.

Augusto explica que a assinatura dos veículos concorre com as bancas. “para que elas vão vir aqui se podem receber em casa. Já propus de deixarem as bancas entregarem as assinaturas, mas não adiantou”. Ele também comenta que nos dias de hoje as bancas têm que vender de tudo, se não vão fechar, “Me dou bem aqui porque tem muito comércio, aí compram para deixar para o cliente ler. Hoje, as bancas poderiam mudar de nome. Ficar só banca e tirar jornal do nome”, finaliza.

O vendedor Fernando Nekel Valente, trabalha há 3 meses na Banca Liceu, que existe há 26 anos. Ele diz que “para vender 40 jornais é uma briga. Devo vender 120 jornais por semana. Hoje vendemos mais bebidas e palavras cruzadas do que os jornais. Tento deixar o jornal o mais exposto possível, mas não adianta”, afirma.

O atacadista Isaias Silva Barreto, leitor de jornais lembra como era antigamente, quando ele era mais novo e as pessoas costumavam ler muito mais os jornais. Diz que até os mendigos andavam com um jornal antigamente. “Ler o jornal ajudava a refrescar a mente. As notícias na Internet são esquecidas facilmente. No jornal você pode voltar e ler de novo o que esqueceu”, diz.



Curso aproxima arte drag queen dos palcos

Beatriz Araujo

Ser drag queen vai além de usar uma maquiagem extravagante, peruca e salto alto. É com base neste pensamento que o diretor teatral, ator e drag queen, José Carlos Gomes, conhecido como Zecarlos, ministra o Drag Queen Curso (DQC), que oferece embasamento artístico para a área. “Damos a chance para as pessoas conhecerem o ‘universo drag’ que envolve o teatro, a dança e todo um processo interno refletido nesta performance”.

Iniciado na sexta-feira, o curso terá seu último encontro hoje, das 10 às 14 horas, no Sesc Santos (Rua Conselheiro Ribas, 136 – Aparecida), mesma locação dos três dias. Buscando expressar a potência que há nas drags, de acordo com Zecarlos, o curso oferece dinâmicas teatrais, momentos de sensibilização e, hoje, encerrará o ciclo com uma aula de maquiagem e caracterização com os 17 participantes da edição.

O projeto nasceu da percepção de que não havia algum curso voltado ao público na região. Contudo, busca apresentar a essência da arte drag para aqueles que não tem um embasamento artístico ou que não foram “adotados” por uma drag mais experiente, que acompanhe a pessoa em seus primeiros passos.

Portanto, esta foi a forma que de Zecarlos encontrou para dar espaço a este grupo. Tendo a cidade de Santos como berço, com 7 anos de existência, o DQC já contou com mais de 450 participantes, sendo itinerante por diversos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. “Não penso muito sobre como me sinto por ter levado o curso há tantas pessoas. Mas, é gratificante ver que despertei algo nas pessoas. Os participantes levam os aprendizados para a vida. Quando trabalhamos com questões humanas, é muito mais aberto para podermos nos desenvolver, é algo muito pessoal”, ressaltou.

PRESENÇA FEMININA - Apesar de, segundo o criador do Drag Queen Curso, haver mais procura de meninos da comunidade LGBTQI+ cisgêneros – ou seja, não transgêneros -, na edição desta semana a participação das mulheres foi expressiva.

A estudante Maria Luiza Brunetto, de 23 anos, participou do curso por curiosidade. “Acompanho programas na televisão e na internet com personalidades drag queen e queria vivenciar um pouco da performance e da dança delas”, disse, com admiração. Para ela, todo o processo de interação e ‘libertação’ superou suas expectativas. “Aprendi que há todo um ‘algo a mais’ na preparação das drags”.

Assim como Maria, a aposentada Ana Cristina Delmiro, de 57 anos, nunca havia tido um contato direto com a arte drag queen. Sua participação no curso teve como intuito seu desenvolvimento nos palcos. “Danço desde 2005 e se apresentar no teatro é muito diferente de treinar na sala de aula. Então estou aprendendo a ‘por pra fora’ a artista que tem dentro de mim”, destacou.







Ano novo judeu chega e falta representatividade
 na Baixada Santista

Marcela A. Morone

Das três sinagogas tradicionais da Baixada Santista, duas estão localizadas em Santos. Esse número é um reflexo da falta de representatividade da comunidade judaica nas nove cidades da Baixada. Hoje, data em que inicia o Rosh Hashaná, o ano novo judeu, apenas 50 famílias se reúnem para as celebrações nas sinagogas, sendo que a comunidade é formada por 100 famílias.

Às vésperas do ano 5779, ontem, nove judeus se preparavam para a virada na sinagoga Beit Sion, em Santos, uma casa pintada nas cores da bandeira de Israel que pode passar despercebida em meios às árvores da fachada. As celebrações do Rosh Hashaná começam com o aparecimento da primeira estrela na noite de hoje só acabará oficialmente no dia 9 de outubro, conhecido como o Dia do Perdão, ou Yom Kipur.

O publicitário Silvio Naslauski, de 67 anos, comenta que na comunidade judaica são comemorados quatro ‘anos novos’, sendo o Tu Bishvat o mais ‘diferente’. “Nos comemoramos o Tu Bishvat, o ano novo das árvores, pois acreditamos que a função do homem na terra é preservar a consciência divina. Tudo na terra tem uma alma, até as árvores”. A data é celebrada no 5º mês judeu de Shvat, equivalente a fevereiro. Ele comenta que a maioria das famílias nem aparece nas celebrações dos ‘anos novos’, geralmente só comparecem à última reza do Yom Kipur.

“Os judeus têm uma mania de achar que toda data comemorativa é a mais importante. No ano novo, nós pedimos perdão por tudo que cometemos e Deus só selará esse acordo de perdão no Yom Kipur, depois de 24 horas de jejum completo”, explica o economista Jorge Naslauski, de 67 anos, sobre os costumes e rituais que rodeiam essa data comemorativa.

Na parte gastronômica, a culinária se difere entre os judeus ashkenazim e sefradim, sendo o primeiro grupo oriundo da Europa Central e o segundo da Península Ibérica. “Os ritos são iguais, mas as comidas são diferentes. Os sefradim têm uma teor mais árabe nas comidas, porque a Península Ibérica foi invadida pelos mouros. Já os ashkenazim são mais europeus”, explica o economista.


Chuva frustra planos de exercícios na Praia do Canal 5

Matheus Chaves

Devido à chuva na manhã de ontem e a alta da maré, as atividades da Semana Move, que aconteceriam na Praia do Canal 5, foram transferidas para a praia do Gonzaga. Apesar disso, as pessoas interessadas não se frustraram totalmente porque o Sesc, organizador do evento, também realizou atividades internas.

Um dos coordenadores do evento e também dono de uma empresa de assessoria esportiva, Marcelo Netto, contou que a chuva acabou frustrando os planos de realizar as atividades no Canal 5. Sobre as atividades internas, ele disse que estavam previstos exercícios de ioga, zumba, fitdance e crossfight,

Sócio de Marcelo na empresa e também coordenador do evento, Gabriel Lofti disse que o objetivo da Semana Move é incentivar a prática de atividades físicas, visando o público de todas as idades. Na ioga de ontem, 100% dos participantes eram da Terceira Idade, o que segundo Gabriel, se deve ao fato dos frequentadores do próprio Sesc serem em sua maioria idosos. “Tem bastante idoso por ser o público daqui, mas a gente também tem atividade de mãe e bebê, pais e filhos, para todo mundo”, conta o empresário.

Ainda falando sobre a diversidade de idade buscada pelos organizadores, Gabriel conta sobre as estratégias utilizadas por ele para atrair a geração que brinca no celular e não na rua, “A divulgação do evento é função do Sesc, mas a gente tenta atrair as crianças usando a própria tecnologia, pra divulgar, mostrar que o acesso é gratuito e que temos vários horários”.

domingo, 15 de setembro de 2019


Clima de entusiasmo marca a entrega de 
kits da corrida Afrodite
Marcella Ribeiro Passaes

Ontem ocorreu a entrega do kit atleta da corrida Afrodite, que acontece hoje, em Santos. Algumas participantes demonstraram grande expectativa no momento em que foram retirá-los. Das mais experientes até as iniciantes, o clima era de animação e ao mesmo tempo ansiedade.

Com o tema na Deusa do Amor, Afrodite é uma corrida voltada apenas para mulheres e está em sua 4ª edição. Segundo a servidora pública Marilda Rosa de Almeida Lima, “é divertido pois não tem tanta competitividade como quando os homens participam [de outros eventos], além do fato que corremos e caminhamos sempre brincando umas com as outras”. Além disso, a servidora comentou que, por mais que esteja acostumada com eventos deste tipo, na noite anterior não consegue nem dormir. “É sempre como se fosse a minha primeira corrida”.

“Sempre vejo o sexo masculino sendo predominante nesses eventos, então existir um só para mulheres é algo incentivador”, comentou a aposentada Alvani Pires da Silva. A atleta mencionou também que possui mais de 300 troféus e 500 medalhas em casa. Faz por amor, apesar de não haver tanto incentivo por parte de seu filho. “Ele é sedentário, mas tudo bem, se não me incentivar, eu vou do mesmo jeito”, afirmou.

Acompanhada de seu marido, a analista de sistemas Cristiane Ribeiro Figueiras mostrou vontade de ultrapassar limites. De acordo com ela, “é prazeroso se sentir auto desafiada. Eu vou participar para superar minhas marcas, meus tempos. É importante mostrar para as mulheres que elas são capazes de vencer a si mesmas”.

As amigas aposentadas, Nilsa Oliveira Ribeiro e Sueli da Silva Bernardino, correrão juntas hoje e estão empolgadas. Contaram que receberam sempre grande apoio dos parentes para que participem destas iniciativas juntas.

Há também casos em que o amor pelo esporte não surge espontaneamente. Este é da professora Cristiana Alves Mancuso que, também acompanhada da família na entrega de kits, contou que passou a se dedicar mais a uma vida ativa após descobrir que estava com diabetes. “Hoje em dia prezo muito mais pela saúde. Eu costumo caminhar mais do que correr, ainda sou iniciante, porém quero cada vez mais ter qualidade de vida melhor”, contou. 




Falta de acessibilidade ainda prejudica 
as pessoas com deficiência
Patrícia Ande

A falta de acessibilidade de pessoas com deficiência em Santos ainda existe. Essas pessoas têm dificuldades de estudar, de usar transportes públicos, de andar pela Cidade, de arrumar emprego. O presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência em Santos, CONDEFI, Luciano Marques, de 59 anos, afirma que existem muitos passos que o governo precisa dar para que haja inclusão. O Dia Nacional da luta das pessoas com deficiência (21 de setembro) é uma data para lembrar do quanto a sociedade ainda precisa avançar nas políticas de inclusão.

O trabalho do CONDEFI é fiscalizar e propor ideias de inclusão. “O que eu sempre critico são as calçadas. Elas são públicas, mas o governo deveria criar um modelo universal para a cidade. Cada pessoa faz uma calçada diferente para sua casa e muitas delas não ajudam pessoas com deficiência física. Muitas vezes eu tive que andar no meio da rua com minha cadeira de rodas”.

Pessoas com deficiência passam por muita dificuldade nas escolas, principalmente nas públicas. Renata Marcondes da Silva, de 49 anos, é deficiente auditiva de 50% de cada lado dos ouvidos, e ela afirma que o preconceito e falta de acessibilidade a prejudicou durante sua vida, e ainda é recorrente atualmente. “Eu ficava de recuperação em algumas matérias porque os professores não sabiam me ensinar, não havia acessibilidade nenhuma na escola, eles não sabiam libras (linguagem de sinais) e eu tinha dificuldade na escrita”, relata Renata. 

PRECONCEITO - “Tinha uma menina na minha sala que tinha a mesma deficiência do que eu, e ela sofria tanto preconceito que eu comecei a ir de cabelo solto para esconder o aparelho auditivo”, afirma Renata. Os aparelhos auditivos são usados por pessoas com deficiência que são surdas, o que pode facilitar muitas vezes, e é obrigatório no trânsito de acordo com a lei. Renata afirma que não depende de semáforos de pedestres para pessoas surdas, devido ao seu aparelho, mas que esse foi um passo que pode ajudar muitas pessoas que não têm o aparelho.

Maria Lourdes Medeiros, de 55 anos, é pedagoga e mãe de uma pessoa com deficiência. Quando sua filha, Larissa Mariane Medeiros, de 25 anos, ficou surda, aos 3 anos, sem um diagnóstico preciso, ela decidiu lutar por acessibilidade por todas as pessoas com deficiência. Já foi conselheira do CONDEFI, e, em 2009, criou a Associação “Abrindo Fronteiras para a Inclusão”, que promete lutar por pessoas com qualquer tipo de deficiência. 

Atualmente, não existe tanta acessibilidade para pessoas cegas. Poucos comércios de produtos alimentícios têm menus em Braile, e quando têm, estão guardados. “Você vai em locais públicos e consegue imaginar toda dificuldade que uma pessoa com deficiência pode passar nele?”, pergunta Maria Lourdes.