segunda-feira, 22 de maio de 2017


Elas vieram à luz sob o brilho de Nossa Senhora


Texto: Natasha P. A. Moura
Foto: Paulo Victor Natário


Devoção à Nossa Senhora inspira para a escolha do nome
A “mulher que desmama seus filhos”, realizando-os na graça divina conforme expressa o significado de seu nome, tem servido há dez décadas como fonte de inspiração não apenas para batismos, mas também para reafirmar a fé cristã com milagres que vão além da aparição em Portugal no ano de 1917. Nossa Senhora de Fátima, segundo a servidora pública municipal Conceição Fátima Santana, de 49 anos, foi alvo de uma promessa no momento em que ela estava entre a vida e a morte, ajudando a salvá-la. “Sei que quando nasci eu estava roxa, com o cordão umbilical enrolado no meu pescoço. Naquela época quem fazia os partos eram parteiras e, quando uma viu, falou para colocar três nomes de santo em mim. Eu voltei a respirar”, narra sobre o momento de desespero.

Já a professora Fátima Cristina de Araújo, de 48 anos, possui a tradição católica enraizada na família  ao  longo de várias gerações, dada  a origem portuguesa do lado materno. A decisão sobre como iria se chamar veio também de um pedido de proteção logo quando sua mãe, Conceição de Jesus Faustino, de 80 anos (morando há 60 no Brasil), descobriu a gravidez e jurou homenagem à Virgem, por quem guarda enorme devoção. A filha diz que herdou este amor pela santa, sempre direcionando as orações para Nossa Senhora. “Todas as dificuldades, desafios, é a quem entrego. Tenho imagens, quadros, terços difíceis de quantificar.”

Esteve em Portugal cinco vezes a fim de visitar os templos, agradecer as bênçãos alcançadas. Embora não tenha participado das comemorações específicas de maio, presenciou  na data da Assunção de Nossa Senhora,  15 de agosto, uma programação longa com missas e peregrinações nas aldeias, nas pequenas cidades, que provam a grande paixão dos lusitanos por Maria no geral. Fátima Cristina fica emocionada por ter voltado às bases da mãe, além de renovado o sentido da existência. Desde a juventude mantém envolvimento com pastorais — como a Sagrada Família e Pastoral Vocacional Diocesana —, foi ensinada que a religião guarda a missão de construir uma sociedade mais justa, mais fraterna, pois “quando nos sentimos filhos, nos sentimos irmãos de fato”. Este ano celebrou o dia 13 caminhando em procissão organizada pela Igreja Sagrado Coração de Maria, da Avenida  Ana Costa até a Praça das Bandeiras, Santo

A professora se queixa, entretanto, que apesar de toda a beleza  da ligação com um divino maior do que nós, hoje muitas pessoas estão fechadas no seu próprio cotidiano, nas suas próprias crenças, no seu próprio “deus”. Para ela a dimensão da fé coletiva, que considera o próximo, o necessitado, acabou perdida na modernidade e na pós-modernidade, a partir do momento que o homem foi posto como centro de tudo.

Maria de Fátima Fernandes, de 54 anos, e também professora, concorda lamentando ainda a questão da intolerância, da diminuição do outro que é diferente. “Já zombaram da minha crença. Quem não acredita naquilo que você crê gosta de tirar sarro... Próprio do ser humano que espiritualmente não é evoluído”.   Sua mãe passou cinco anos após casada sem conseguir engravidar, então rogou pela ajuda da Nossa Senhora e fez votos de nomear a primeira menina da mesma forma, além de transmitir os preceitos do catolicismo.

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