Texto: Natasha P. A. Moura
Foto: Paulo Victor Natário
Foto: Paulo Victor Natário
Devoção à Nossa Senhora inspira para a escolha do nome |
A “mulher
que desmama seus filhos”, realizando-os na graça divina conforme expressa o significado
de seu nome, tem servido há dez décadas como fonte de inspiração não apenas para
batismos, mas também para reafirmar a fé cristã com milagres que vão além da aparição
em Portugal no ano de 1917. Nossa Senhora de Fátima, segundo a servidora pública municipal
Conceição Fátima Santana, de 49 anos, foi alvo de uma promessa no momento em que
ela estava entre a vida e a morte, ajudando a salvá-la. “Sei que quando nasci eu
estava roxa, com o cordão umbilical enrolado no meu pescoço. Naquela época quem
fazia os partos eram parteiras e, quando uma viu, falou para colocar três nomes
de santo em mim. Eu voltei a respirar”, narra sobre o momento de desespero.
Já a professora
Fátima Cristina de Araújo, de 48 anos, possui a tradição católica enraizada na família ao longo
de várias gerações, dada a origem portuguesa
do lado materno. A decisão sobre como iria se chamar veio também de um pedido de
proteção logo quando sua mãe, Conceição de Jesus Faustino, de 80 anos (morando há
60 no Brasil), descobriu a gravidez e jurou homenagem à Virgem, por quem guarda
enorme devoção. A filha diz que herdou este amor pela santa, sempre direcionando
as orações para Nossa Senhora. “Todas as dificuldades, desafios, é a quem entrego.
Tenho imagens, quadros, terços difíceis de quantificar.”
Esteve
em Portugal cinco vezes a fim de visitar os templos, agradecer as bênçãos alcançadas.
Embora não tenha participado das comemorações específicas de maio, presenciou na data da Assunção de Nossa Senhora, 15 de agosto, uma programação longa com missas
e peregrinações nas aldeias, nas pequenas cidades, que provam a grande paixão dos
lusitanos por Maria no geral. Fátima Cristina fica emocionada por ter voltado às
bases da mãe, além de renovado o sentido da existência. Desde a juventude mantém
envolvimento com pastorais — como a Sagrada Família e Pastoral Vocacional Diocesana
—, foi ensinada que a religião guarda a missão de construir uma sociedade mais justa,
mais fraterna, pois “quando nos sentimos filhos, nos sentimos irmãos de fato”. Este
ano celebrou o dia 13 caminhando em procissão organizada pela Igreja Sagrado
Coração de Maria, da Avenida Ana Costa até
a Praça das Bandeiras, Santo
A professora se queixa, entretanto, que apesar de toda a beleza da ligação com um divino maior do que nós, hoje
muitas pessoas estão fechadas no seu próprio cotidiano, nas suas próprias crenças,
no seu próprio “deus”. Para ela a dimensão da fé coletiva, que considera o próximo,
o necessitado, acabou perdida na modernidade e na pós-modernidade, a partir do momento
que o homem foi posto como centro de tudo.
Maria
de Fátima Fernandes, de 54 anos, e também professora, concorda lamentando ainda a questão
da intolerância, da diminuição do outro que é diferente. “Já zombaram da minha crença.
Quem não acredita naquilo que você crê gosta de tirar sarro... Próprio do ser humano
que espiritualmente não é evoluído”. Sua
mãe passou cinco anos após casada sem conseguir engravidar, então rogou pela ajuda
da Nossa Senhora e fez votos de nomear a primeira menina da mesma forma, além de
transmitir os preceitos do catolicismo.
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