Comerciantes da Rua do Peixe vivem
insegurança em relação às reforma da Ponta da Praia
Beatriz Ornelas
“Vamos ter que sair daqui e eu só
sei vender peixe, o que eu posso fazer agora?”. Assim, o comerciante da Rua do
Peixe, Evenildo dos Santos Pereira, expressa seu sentimento em relação às
reformas da Ponta da Praia, em Santos. Para ele e outros que atuam no local,
mas não possuem alvará de funcionamento, a insegurança é grande, já que não
poderão ocupar o novo Mercado do Peixe.
Com a instalação do novo Mercado,
os vendedores de pescados da Rua do Peixe, que estão regulamentados, serão
remanejados para o novo local. Porém, apenas cinco dos 24 comerciantes tem a
documentação. Assim, os outros terão que desocupar o local e não sabem aonde
recomeçar.
Evenildo conta que não sabe o que
fazer quando for necessário sair de seu local de trabalho, em que está há 25
anos. “Esse foi o meu primeiro emprego e estou até hoje. As minhas filhas foram
criadas aqui e eu não vou ter o que deixar para elas”, afirma.
Ele diz ainda que apesar de não
estar incluso no processo de remanejo, a estrutura do novo local vai ser ótima
aos clientes e comerciantes que terão melhores condições de atendê-los.
“Estamos correndo atrás para que tudo dê certo, mas é difícil. Esperamos que o
poder público não esqueça de nós. Isso faz parte da história de Santos e não
pode terminar assim”, finaliza.
Já para Elaine dos Santos
Cavalcante, que trabalha com a venda de frutos do mar há mais de 30 anos e está
com a documentação em dia, a mudança será boa para todos, visando que terão
frigoríficos específicos e o local climatizado. “Acredito que será bom para os
cidadãos que gostam de pescados, porém é complicado pensar que grande parte dos
nossos colegas, a maioria de anos, não vão ter o apoio e a segurança para
seguirem em seu trabalho”.
PRAZO - A previsão é que em
180 dias a transferência da Rua e do Mercado de Peixes seja realizada. Assim, o
futuro incerto preocupa os donos e funcionários do local, que ficam aflitos com
o medo de serem retirados do dia para a noite e não poderem trabalhar.
Para a funcionária de um dos Box,
que não quis se identificar, a sensação de insegurança é grande. “Eu tenho um
filho de 4 anos e perco noites de sono pensando no que fazer caso apareçam aqui
para nos retirarem. Somos só nós dois e eu não sei o que esperar a partir de
agora. Ninguém fala nada e acabo descobrindo tudo pela TV. É um descaso”.
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