domingo, 15 de setembro de 2019


Comerciantes da Rua do Peixe vivem insegurança em relação às reforma da Ponta da Praia
Beatriz Ornelas

“Vamos ter que sair daqui e eu só sei vender peixe, o que eu posso fazer agora?”. Assim, o comerciante da Rua do Peixe, Evenildo dos Santos Pereira, expressa seu sentimento em relação às reformas da Ponta da Praia, em Santos. Para ele e outros que atuam no local, mas não possuem alvará de funcionamento, a insegurança é grande, já que não poderão ocupar o novo Mercado do Peixe.

Com a instalação do novo Mercado, os vendedores de pescados da Rua do Peixe, que estão regulamentados, serão remanejados para o novo local. Porém, apenas cinco dos 24 comerciantes tem a documentação. Assim, os outros terão que desocupar o local e não sabem aonde recomeçar.

Evenildo conta que não sabe o que fazer quando for necessário sair de seu local de trabalho, em que está há 25 anos. “Esse foi o meu primeiro emprego e estou até hoje. As minhas filhas foram criadas aqui e eu não vou ter o que deixar para elas”, afirma.

Ele diz ainda que apesar de não estar incluso no processo de remanejo, a estrutura do novo local vai ser ótima aos clientes e comerciantes que terão melhores condições de atendê-los. “Estamos correndo atrás para que tudo dê certo, mas é difícil. Esperamos que o poder público não esqueça de nós. Isso faz parte da história de Santos e não pode terminar assim”, finaliza.

Já para Elaine dos Santos Cavalcante, que trabalha com a venda de frutos do mar há mais de 30 anos e está com a documentação em dia, a mudança será boa para todos, visando que terão frigoríficos específicos e o local climatizado. “Acredito que será bom para os cidadãos que gostam de pescados, porém é complicado pensar que grande parte dos nossos colegas, a maioria de anos, não vão ter o apoio e a segurança para seguirem em seu trabalho”.

PRAZO - A previsão é que em 180 dias a transferência da Rua e do Mercado de Peixes seja realizada. Assim, o futuro incerto preocupa os donos e funcionários do local, que ficam aflitos com o medo de serem retirados do dia para a noite e não poderem trabalhar.

Para a funcionária de um dos Box, que não quis se identificar, a sensação de insegurança é grande. “Eu tenho um filho de 4 anos e perco noites de sono pensando no que fazer caso apareçam aqui para nos retirarem. Somos só nós dois e eu não sei o que esperar a partir de agora. Ninguém fala nada e acabo descobrindo tudo pela TV. É um descaso”.

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