Curso aproxima arte drag queen dos palcos
Beatriz Araujo
Ser drag queen vai além de usar uma maquiagem extravagante,
peruca e salto alto. É com base neste pensamento que o diretor teatral, ator e drag
queen, José Carlos Gomes, conhecido como Zecarlos, ministra o Drag Queen Curso
(DQC), que oferece embasamento artístico para a área. “Damos a chance para as
pessoas conhecerem o ‘universo drag’ que envolve o teatro, a dança e todo um
processo interno refletido nesta performance”.
Iniciado na sexta-feira, o curso terá seu último encontro
hoje, das 10 às 14 horas, no Sesc Santos (Rua Conselheiro Ribas, 136 –
Aparecida), mesma locação dos três dias. Buscando expressar a potência que há
nas drags, de acordo com Zecarlos, o curso oferece dinâmicas teatrais, momentos
de sensibilização e, hoje, encerrará o ciclo com uma aula de maquiagem e
caracterização com os 17 participantes da edição.
O projeto nasceu da percepção de que não havia algum curso
voltado ao público na região. Contudo, busca apresentar a essência da arte drag
para aqueles que não tem um embasamento artístico ou que não foram “adotados”
por uma drag mais experiente, que acompanhe a pessoa em seus primeiros passos.
Portanto, esta foi a forma que de Zecarlos encontrou para
dar espaço a este grupo. Tendo a cidade de Santos como berço, com 7 anos de
existência, o DQC já contou com mais de 450 participantes, sendo itinerante por
diversos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. “Não penso muito sobre como me sinto por ter levado o curso
há tantas pessoas. Mas, é gratificante ver que despertei algo nas pessoas. Os
participantes levam os aprendizados para a vida. Quando trabalhamos com
questões humanas, é muito mais aberto para podermos nos desenvolver, é algo
muito pessoal”, ressaltou.
PRESENÇA FEMININA - Apesar de, segundo o criador do Drag
Queen Curso, haver mais procura de meninos da comunidade LGBTQI+ cisgêneros –
ou seja, não transgêneros -, na edição desta semana a participação das mulheres
foi expressiva.
A estudante Maria Luiza Brunetto, de 23 anos, participou do
curso por curiosidade. “Acompanho programas na televisão e na internet com
personalidades drag queen e queria vivenciar um pouco da performance e da dança
delas”, disse, com admiração. Para ela, todo o processo de interação e
‘libertação’ superou suas expectativas. “Aprendi que há todo um ‘algo a mais’
na preparação das drags”.
Assim como Maria, a aposentada Ana Cristina Delmiro, de 57
anos, nunca havia tido um contato direto com a arte drag queen. Sua
participação no curso teve como intuito seu desenvolvimento nos palcos. “Danço
desde 2005 e se apresentar no teatro é muito diferente de treinar na sala de
aula. Então estou aprendendo a ‘por pra fora’ a artista que tem dentro de mim”,
destacou.
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