domingo, 29 de setembro de 2019


Curso aproxima arte drag queen dos palcos

Beatriz Araujo

Ser drag queen vai além de usar uma maquiagem extravagante, peruca e salto alto. É com base neste pensamento que o diretor teatral, ator e drag queen, José Carlos Gomes, conhecido como Zecarlos, ministra o Drag Queen Curso (DQC), que oferece embasamento artístico para a área. “Damos a chance para as pessoas conhecerem o ‘universo drag’ que envolve o teatro, a dança e todo um processo interno refletido nesta performance”.

Iniciado na sexta-feira, o curso terá seu último encontro hoje, das 10 às 14 horas, no Sesc Santos (Rua Conselheiro Ribas, 136 – Aparecida), mesma locação dos três dias. Buscando expressar a potência que há nas drags, de acordo com Zecarlos, o curso oferece dinâmicas teatrais, momentos de sensibilização e, hoje, encerrará o ciclo com uma aula de maquiagem e caracterização com os 17 participantes da edição.

O projeto nasceu da percepção de que não havia algum curso voltado ao público na região. Contudo, busca apresentar a essência da arte drag para aqueles que não tem um embasamento artístico ou que não foram “adotados” por uma drag mais experiente, que acompanhe a pessoa em seus primeiros passos.

Portanto, esta foi a forma que de Zecarlos encontrou para dar espaço a este grupo. Tendo a cidade de Santos como berço, com 7 anos de existência, o DQC já contou com mais de 450 participantes, sendo itinerante por diversos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. “Não penso muito sobre como me sinto por ter levado o curso há tantas pessoas. Mas, é gratificante ver que despertei algo nas pessoas. Os participantes levam os aprendizados para a vida. Quando trabalhamos com questões humanas, é muito mais aberto para podermos nos desenvolver, é algo muito pessoal”, ressaltou.

PRESENÇA FEMININA - Apesar de, segundo o criador do Drag Queen Curso, haver mais procura de meninos da comunidade LGBTQI+ cisgêneros – ou seja, não transgêneros -, na edição desta semana a participação das mulheres foi expressiva.

A estudante Maria Luiza Brunetto, de 23 anos, participou do curso por curiosidade. “Acompanho programas na televisão e na internet com personalidades drag queen e queria vivenciar um pouco da performance e da dança delas”, disse, com admiração. Para ela, todo o processo de interação e ‘libertação’ superou suas expectativas. “Aprendi que há todo um ‘algo a mais’ na preparação das drags”.

Assim como Maria, a aposentada Ana Cristina Delmiro, de 57 anos, nunca havia tido um contato direto com a arte drag queen. Sua participação no curso teve como intuito seu desenvolvimento nos palcos. “Danço desde 2005 e se apresentar no teatro é muito diferente de treinar na sala de aula. Então estou aprendendo a ‘por pra fora’ a artista que tem dentro de mim”, destacou.






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