domingo, 15 de setembro de 2019


Falta de acessibilidade ainda prejudica 
as pessoas com deficiência
Patrícia Ande

A falta de acessibilidade de pessoas com deficiência em Santos ainda existe. Essas pessoas têm dificuldades de estudar, de usar transportes públicos, de andar pela Cidade, de arrumar emprego. O presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência em Santos, CONDEFI, Luciano Marques, de 59 anos, afirma que existem muitos passos que o governo precisa dar para que haja inclusão. O Dia Nacional da luta das pessoas com deficiência (21 de setembro) é uma data para lembrar do quanto a sociedade ainda precisa avançar nas políticas de inclusão.

O trabalho do CONDEFI é fiscalizar e propor ideias de inclusão. “O que eu sempre critico são as calçadas. Elas são públicas, mas o governo deveria criar um modelo universal para a cidade. Cada pessoa faz uma calçada diferente para sua casa e muitas delas não ajudam pessoas com deficiência física. Muitas vezes eu tive que andar no meio da rua com minha cadeira de rodas”.

Pessoas com deficiência passam por muita dificuldade nas escolas, principalmente nas públicas. Renata Marcondes da Silva, de 49 anos, é deficiente auditiva de 50% de cada lado dos ouvidos, e ela afirma que o preconceito e falta de acessibilidade a prejudicou durante sua vida, e ainda é recorrente atualmente. “Eu ficava de recuperação em algumas matérias porque os professores não sabiam me ensinar, não havia acessibilidade nenhuma na escola, eles não sabiam libras (linguagem de sinais) e eu tinha dificuldade na escrita”, relata Renata. 

PRECONCEITO - “Tinha uma menina na minha sala que tinha a mesma deficiência do que eu, e ela sofria tanto preconceito que eu comecei a ir de cabelo solto para esconder o aparelho auditivo”, afirma Renata. Os aparelhos auditivos são usados por pessoas com deficiência que são surdas, o que pode facilitar muitas vezes, e é obrigatório no trânsito de acordo com a lei. Renata afirma que não depende de semáforos de pedestres para pessoas surdas, devido ao seu aparelho, mas que esse foi um passo que pode ajudar muitas pessoas que não têm o aparelho.

Maria Lourdes Medeiros, de 55 anos, é pedagoga e mãe de uma pessoa com deficiência. Quando sua filha, Larissa Mariane Medeiros, de 25 anos, ficou surda, aos 3 anos, sem um diagnóstico preciso, ela decidiu lutar por acessibilidade por todas as pessoas com deficiência. Já foi conselheira do CONDEFI, e, em 2009, criou a Associação “Abrindo Fronteiras para a Inclusão”, que promete lutar por pessoas com qualquer tipo de deficiência. 

Atualmente, não existe tanta acessibilidade para pessoas cegas. Poucos comércios de produtos alimentícios têm menus em Braile, e quando têm, estão guardados. “Você vai em locais públicos e consegue imaginar toda dificuldade que uma pessoa com deficiência pode passar nele?”, pergunta Maria Lourdes. 




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