Falta de acessibilidade ainda
prejudica
as pessoas com deficiência
Patrícia Ande
A falta de acessibilidade de
pessoas com deficiência em Santos ainda existe. Essas pessoas têm dificuldades
de estudar, de usar transportes públicos, de andar pela Cidade, de arrumar
emprego. O presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência
em Santos, CONDEFI, Luciano Marques, de 59 anos, afirma que existem muitos
passos que o governo precisa dar para que haja inclusão. O Dia Nacional da luta
das pessoas com deficiência (21 de setembro) é uma data para lembrar do quanto
a sociedade ainda precisa avançar nas políticas de inclusão.
O trabalho do CONDEFI é
fiscalizar e propor ideias de inclusão. “O que eu sempre critico são as
calçadas. Elas são públicas, mas o governo deveria criar um modelo universal
para a cidade. Cada pessoa faz uma calçada diferente para sua casa e muitas
delas não ajudam pessoas com deficiência física. Muitas vezes eu tive que andar
no meio da rua com minha cadeira de rodas”.
Pessoas com deficiência passam
por muita dificuldade nas escolas, principalmente nas públicas. Renata
Marcondes da Silva, de 49 anos, é deficiente auditiva de 50% de cada lado dos
ouvidos, e ela afirma que o preconceito e falta de acessibilidade a prejudicou
durante sua vida, e ainda é recorrente atualmente. “Eu ficava de recuperação em
algumas matérias porque os professores não sabiam me ensinar, não havia
acessibilidade nenhuma na escola, eles não sabiam libras (linguagem de sinais)
e eu tinha dificuldade na escrita”, relata Renata.
PRECONCEITO - “Tinha uma menina
na minha sala que tinha a mesma deficiência do que eu, e ela sofria tanto
preconceito que eu comecei a ir de cabelo solto para esconder o aparelho
auditivo”, afirma Renata. Os aparelhos auditivos são usados por pessoas com
deficiência que são surdas, o que pode facilitar muitas vezes, e é obrigatório
no trânsito de acordo com a lei. Renata afirma que não depende de semáforos de
pedestres para pessoas surdas, devido ao seu aparelho, mas que esse foi um
passo que pode ajudar muitas pessoas que não têm o aparelho.
Maria Lourdes Medeiros, de 55
anos, é pedagoga e mãe de uma pessoa com deficiência. Quando sua filha, Larissa
Mariane Medeiros, de 25 anos, ficou surda, aos 3 anos, sem um diagnóstico
preciso, ela decidiu lutar por acessibilidade por todas as pessoas com
deficiência. Já foi conselheira do CONDEFI, e, em 2009, criou a Associação
“Abrindo Fronteiras para a Inclusão”, que promete lutar por pessoas com
qualquer tipo de deficiência.
Atualmente, não existe tanta
acessibilidade para pessoas cegas. Poucos comércios de produtos alimentícios têm
menus em Braile, e quando têm, estão guardados. “Você vai em locais públicos e
consegue imaginar toda dificuldade que uma pessoa com deficiência pode passar
nele?”, pergunta Maria Lourdes.
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