Nas bancas, jornal é mais vendido para cachorro
Gabriel Bruno
“Hoje o que eu mais vendo é jornal para cachorro. Nunca
achei que ia chegar a esse ponto”. Assim, o dono da Banca Estatua no Gonzaga em
Santos, Amâncio de Jesus Pires, resume o
quadro atual do seu comercio, destaca a queda na venda de jornais às vésperas
do dia do jornaleiro, comemorado amanhã, comerciantes de bancas de jornal
confirmam a queda na venda.
Amâncio trabalha na banca há 44 anos e ela existe desde os
anos 30. De acordo com ele, as vendas caíram sim e a cada ano que passa cai
mais. “Pessoas com esses costumes de ler estão morrendo. Hoje em dia o que eu
mais vendo são quadrinhos e mangas por causa dos jovens, só as velhinhas param
para ver os jornais” afirma o comerciante em relação a outros produtos.
Vendedor da Banca Salomão, no bairro Vila Matias, Augusto
Silva Filho, que trabalha há 7 anos no comercio, diz que as vendas só vêm
caindo. “As vendas praticamente sumiram, de maio para cá caiu uns 70%, isso
aconteceu quando acabaram com o expresso popular, porque a Tribuna não compram
tanto e nem os jornais de São Paulo “diz.
Augusto explica que a assinatura dos veículos concorre com
as bancas. “para que elas vão vir aqui se podem receber em casa. Já propus de
deixarem as bancas entregarem as assinaturas, mas não adiantou”. Ele também
comenta que nos dias de hoje as bancas têm que vender de tudo, se não vão
fechar, “Me dou bem aqui porque tem muito comércio, aí compram para deixar para
o cliente ler. Hoje, as bancas poderiam mudar de nome. Ficar só banca e tirar jornal
do nome”, finaliza.
O vendedor Fernando Nekel Valente, trabalha há 3 meses na Banca
Liceu, que existe há 26 anos. Ele diz que “para vender 40 jornais é uma briga. Devo
vender 120 jornais por semana. Hoje vendemos mais bebidas e palavras cruzadas
do que os jornais. Tento deixar o jornal o mais exposto possível, mas não
adianta”, afirma.
O atacadista Isaias Silva Barreto, leitor de jornais lembra
como era antigamente, quando ele era mais novo e as pessoas costumavam ler
muito mais os jornais. Diz que até os mendigos andavam com um jornal antigamente.
“Ler o jornal ajudava a refrescar a mente. As notícias na Internet são
esquecidas facilmente. No jornal você pode voltar e ler de novo o que esqueceu”,
diz.
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