domingo, 29 de setembro de 2019


Nas bancas, jornal é mais vendido para cachorro

Gabriel Bruno 

“Hoje o que eu mais vendo é jornal para cachorro. Nunca achei que ia chegar a esse ponto”. Assim, o dono da Banca Estatua no Gonzaga em Santos,  Amâncio de Jesus Pires, resume o quadro atual do seu comercio, destaca a queda na venda de jornais às vésperas do dia do jornaleiro, comemorado amanhã, comerciantes de bancas de jornal confirmam a queda na venda.

Amâncio trabalha na banca há 44 anos e ela existe desde os anos 30. De acordo com ele, as vendas caíram sim e a cada ano que passa cai mais. “Pessoas com esses costumes de ler estão morrendo. Hoje em dia o que eu mais vendo são quadrinhos e mangas por causa dos jovens, só as velhinhas param para ver os jornais” afirma o comerciante em relação a outros produtos.

Vendedor da Banca Salomão, no bairro Vila Matias, Augusto Silva Filho, que trabalha há 7 anos no comercio, diz que as vendas só vêm caindo. “As vendas praticamente sumiram, de maio para cá caiu uns 70%, isso aconteceu quando acabaram com o expresso popular, porque a Tribuna não compram tanto e nem os jornais de São Paulo “diz.

Augusto explica que a assinatura dos veículos concorre com as bancas. “para que elas vão vir aqui se podem receber em casa. Já propus de deixarem as bancas entregarem as assinaturas, mas não adiantou”. Ele também comenta que nos dias de hoje as bancas têm que vender de tudo, se não vão fechar, “Me dou bem aqui porque tem muito comércio, aí compram para deixar para o cliente ler. Hoje, as bancas poderiam mudar de nome. Ficar só banca e tirar jornal do nome”, finaliza.

O vendedor Fernando Nekel Valente, trabalha há 3 meses na Banca Liceu, que existe há 26 anos. Ele diz que “para vender 40 jornais é uma briga. Devo vender 120 jornais por semana. Hoje vendemos mais bebidas e palavras cruzadas do que os jornais. Tento deixar o jornal o mais exposto possível, mas não adianta”, afirma.

O atacadista Isaias Silva Barreto, leitor de jornais lembra como era antigamente, quando ele era mais novo e as pessoas costumavam ler muito mais os jornais. Diz que até os mendigos andavam com um jornal antigamente. “Ler o jornal ajudava a refrescar a mente. As notícias na Internet são esquecidas facilmente. No jornal você pode voltar e ler de novo o que esqueceu”, diz.


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