sábado, 21 de maio de 2016



O choro persiste na sociedade

Texto e foto: Matheus Guimarães Lopes

Com dois violões, um bandolim e uma flauta, o trio Tecendo o Choro apresentou o que há de melhor neste que é considerado o mais importante gênero instrumental brasileiro. Numa oficina que ocorreu no dia 9 de maio na Universidade Católica de Santos, os músicos reviveram compositores iniciais do choro como Ernesto Nazareth e Joaquim Callado, visto como um dos criadores do gênero. 

A professora e integrante do trio como flautista, Cibele Odete Palopoli, que também organizou o evento, ressaltou que entre seus alunos há diversidade de gostos e preferências musicais e que isto deve-se ao fato de que eles estão globalizados. “Eu tenho uma aluna DJ de funk, por exemplo”. O violonista Dinho Nogueira citou que apesar do agravante de que a mídia não cede espaço para a música tradicional no Brasil, na maioria dos shows que participa, o choro é um estilo aceito de imediato pelas plateias que não têm contato direto. “Não tem quem não goste”. 

 Trio Tecendo o Choro - Cibele, Dinho e Zé Barbeiro

O samba e o choro, que são reconhecidos como produtos brasileiros autênticos, estão cada vez mais longe da veiculação nas indústrias fonográficas e na grande mídia, relatou a professora do curso de música da UniSantos que não se deixa levar pelo esquecimento e diz que é possível enxergar grupos que mantém a tradição como forma de expressão artística.

O jornalista e pesquisador da música brasileira, José Ramos Tinhorão, relata no livro História Social da Música Popular Brasileira que mesmo tendo sido conceituado com uma base musical europeia, o choro caracteriza-se pela união dos diferentes instrumentos concebidos durante a planificação do gênero para as classes trabalhadoras brasileiras no fim do século XIX, passando a ter um som mais refinado para as bandas e conjuntos que o executavam. 

O estudante de música Mateus Alves Torrente, de 19 anos, disse que a falta de execução dos principais ritmos nacionais nas rádios e televisões deve-se à ausência de interesse do público por uma questão de fraca divulgação por parte da própria mídia. “Falta investimento da indústria. Hoje só ouvem o que está na moda”. Edicarlos Silva, de 27 anos, estudante de Engenharia de Petróleo disse que prefere uma música de qualidade e por isso procura pela internet alternativas que tenham este ponto estabelecido. Aponta que um dos problemas persisti no estímulo para que o ouvinte conheça o choro. “A indução do incentivo é parte fundamental no processo de adoção pela sociedade jovem atual”, afirmou.

“Se o choro não ajuda, ele também não atrapalha”, afirma o compositor Dinho Nogueira que avista o panorama geral para tal estilo musical desfavorecido e salienta que cabe a estes dissidentes grupos musicais continuar com a execução do choro e outros gêneros nascidos no Brasil. 

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